Aos seis anos de idade, quando se apaixonou pelo skate, Guilherme Soares não imaginava que também ganharia um pai e um novo sobrenome. Hoje, aos 13 anos, ele comemora a oficialização da adoção e o seu primeiro Dia dos Pais oficial ao lado do seu pai James Soares Piva.
“Eu não conhecia o skate e nem o esporte. Foi só quando o pai chegou no Lar da Criança que eu vi. Foi amor a primeira vista, pelo skate e pelo pai. Naquela época eu nem imaginava que podia sair do abrigo, quando ele me falou que ia me adotar eu não acreditei”, disse Guilherme.
Guilherme chegou ao Lar da Criança, abrigo que acolhe meninos e meninas de 0 a 12 anos em situação de vulnerabilidade social, negligência e abandono, em 2017. James Piva é educador social no Lar e desde 2010 desenvolve atividades lúdicas com skate, ensinando a modalidade para as crianças.
Segundo o educador James, formado em pedagogia, os pequenos são, geralmente, carentes de afeto e se apegam aos profissionais que trabalham no abrigo, assim não foi diferente com o Guilherme, que desenvolveu bastante apego e admiração pelo Pai Piva, como ele sempre chamou.
“Não só ele, como tinha mais meninos que se apegam comigo, só que ele foi como um ímã, grudou automaticamente, e o skate tem grande importância nisso. Eu já queria adotar uma criança, mas não me passava pela cabeça que seria ele”, explicou James.
Durante uma viagem internacional feita por Piva em 2017, funcionárias do abrigo onde Guilherme estava ligaram para ele porque o menino não parava de chorar a noite. Antes mesmo de fazer a adoção, o pai adotivo já era presente na vida do garoto através de incentivo em momentos críticos Durante o dia ele ficava no portão esperando o pai voltar. Para dormir, era necessária uma ligação de videochamada para que Guilherme se acalmasse e conseguisse dormir.
Foi nessa época, segundo James, que ele decidiu adotar o garoto. O educador entrou no processo para adoção solo, mas outra família também estava na fila para adotar Guilherme e uma de suas irmãs (ele tem três irmãos, dois mais novos e uma irmã mais velha). Hoje em dia ele ainda mantém contato com os irmãos.
Entre 2017 e 2019, James passou por todo o processo, conforme o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para oficializar a adoção de Guilherme. Após ser aprovado em todas as etapas e estar apto para adoção solo, pai e filho passaram a morar juntos ainda em 2019.
“Na verdade, naquela época, eu nem sabia que podia sair de lá. Eu nem sabia. Foi uma surpresa mesmo quando ele me falou que ia me adotar, eu nem acreditei, fiquei feliz de mais”, disse Guilherme.
Fonte: G1