Lançamento de EP Visual em Campos: ‘LUGAR’ reúne artistas e experiências pelo mundo

Foto: Divulgação

A contagem é regressiva para o lançamento do EP visual ‘LUGAR”, que terá sua primeira exibição no próximo dia 09 de agosto, na Mangueira Casa Cultural, às 18h. A união de um som experimental denominado Lo-Fi, produzido pelo músico Gabriel Araújo, se une a elementos visuais, em formato de um ‘filme curta-metragem’, dirigido pelo artista com experiências de mundo, Vita Evangelista. Unida a eles, uma equipe de artistas que rodaram ruínas em Campos e São João da Barra, para representar a experiência do gênero musical e a realidade do mundo atual.

O EP visual ‘LUGAR’ terá, inicialmente, três exibições. A primeira no dia 09 de agosto e a segunda exibição será na Cooperativa Cata-Sol, em Campos (RJ) -um dos locais de filmagem- no próximo dia 15 de agosto. A equipe do EP Visual também planeja levar a obra às escolas públicas da região. Todas as exibições serão acompanhadas de um bate-papo sobre a proposta da música e da representação das imagens.

O projeto acontece por meio da Lei Paulo Gustavo em Campos dos Goytacazes, na categoria curtas-metragens.

– Na hora de falar do filme, a prioridade era colocar uma mensagem que trouxesse reflexão. Então escolhemos algumas locações aqui na região Norte Fluminense do RJ, que têm algumas ruínas.  Na nossa ideia, estamos contando a história de um futuro – que não é tão distante – distópico. Nele, acompanhamos esse ser que é interpretado pelo artista Jota Z [bailarino, educador, dá aula de circo, também trabalha com escolas, dança breaking, é Mc]. Neste personagem, buscamos manter um mistério de não termos certeza se ele é humano, alienígena,  mutante ou uma entidade. Eu costumo interpretá-lo como um símbolo de vida – ponderou o músico Gabriel Araújo.

Enquanto tenta mostrar que a vida, em si, encontra um meio de seguir, a câmera do EP visual dá uma passeada por ruínas e espaços de simbólicos do Norte Fluminense, que são: a usina de reciclagem (Cata-Sol); a Usina São João, que representa um ciclo econômico em decadência, e também as ruínas em Atafona, São João da Barra.

EP visual LUGAR ensaia imagens onde ruínas não significam fim

O músico Gabriel enfatiza que a proposta do EP visual é, ainda, refletir sobre como o ser humano faz uso do espaço que habita.

– O ‘lixo’ que se produz, o dano que se estabelece e não fazemos um reaproveitamento nestes espaços mais. Estamos vivendo num momento em que observamos muitas catástrofes acontecendo, não só por mudanças climáticas de temperatura, mas também de como tratamos esse ambiente. Normalmente há um pensamento em relação à proteção de florestas, proteção de algumas espécies e a gente não discute o ambiente urbano como sendo parte do meio ambiente. Temos visto o ‘PL da Devastação’ avançando e muitas leis que protegem essas questões ambientais sendo desconstruídas. Essas questões que abordamos no filme vão se desdobrando. Gostamos de pensar que o filme também expõe um pouco de racismo ambiental, por exemplo – reflete Gabriel.

O diretor Vita Evangelista completa:

-As referências às cosmologias afrobrasileiras atravessam a obra como campos de força que transformam o lixo e os resíduos em matéria de recomposição e reintegração. Assim como entidades transmutadoras transitam entre mundos e limpam zonas tóxicas. LUGAR ensaia imagens onde ruínas não significam fim, mas húmus para outras possibilidades de existência. Mais do que documentar o esgotamento, LUGAR propõe um rito visual onde o colapso se curva em possibilidades fabulatórias e temporais — criando atravessamentos entre falha, ruína e reinvenção – diz.

Resgate de culturas e fragmentos populares no Brasil

Na última faixa do EP visual haverá uma ‘surpresa’ com o resgate do material de um cantador, natural de São Luiz do Maranhão, Humberto Mendes, cuja lembrança póstuma traz a época em que cantava no grupo Boi Bumbá de Maracanã.

– Para fechar, tivemos a ideia de ter uma música com voz. Apesar de ser um álbum bem instrumental, a última faixa é com canto. Fizemos contato com a família do compositor Humberto Mendes, que não é compositor vivo. Conversei com a viúva dele, que segue tocando o projeto de valorização cultural em São Luiz do Maranhão. Apresentei nosso projeto e ela deu uma autorização para fazermos essa versão de sua música. Foi muito bacana termos conosco esta canção num projeto em que tivemos que fazer várias adaptações no orçamento, sempre levando em conta a valorização do artista e cultura local, com referências de diversas partes do Brasil- conta Gabriel.

Além do músico Gabriel Araújo, do bailarino Jota Z e do Diretor Vita Evangelista, a equipe do EP visual conta com Felipe Lins Ferreira, na programação e artes visuais; Juliana Veiga, na produção; Remu Flor Goitacá, figurinista; Germano Godoy, contador; Julia Ambrozini, designer; Ariel Machado, audiodescrição; Morgana Mendes, legenda descritiva e Sofia Arantes, Assistente de Direção.

A equipe também trabalhou com pessoas dos estados de São Paulo e Minas Gerais para adaptar medidas de acessibilidade ao audiovisual.


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