Campos registrou os primeiros casos da febre do Oropouche em 2025. A arbovirose, transmitida pelo mosquito maruim (também conhecido como mosquito pólvora), tem sintomas semelhantes aos de outras doenças como dengue, zika e chikungunya, incluindo febre, dor nas articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar e mialgia.
Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Charbell Kury, no entanto, ela apresenta características específicas. “O quadro bifásico é um dos principais sinais que diferencia a febre do Oropouche das outras arboviroses. Esse quadro se refere à alternância entre períodos de melhora e recaída dos sintomas”, destacou o subsecretário.
Charbell ainda explica que a doença possui uma particularidade importante. “O vírus da febre do Oropouche tem um tropismo, ou seja, uma afinidade maior pela parte neurológica, o que pode gerar complicações, principalmente em gestantes”. O mosquito transmissor, o maruim, é atraído por matéria orgânica, como fezes de animais, sendo comum em áreas de mata e zonas rurais. “Para gestantes, há um risco maior, pois, a exposição ao mosquito pode resultar em complicações neurológicas, como microcefalia no bebê, além de aborto espontâneo e outras doenças no feto”, alertou Kury.
A prevenção da febre do Oropouche requer medidas além do uso de repelentes. “O repelente, por si só, não é suficiente, já que o maruim, diferente do Aedes aegypti, não suga, mas morde”, explica Kury. Ele recomenda o uso de repelente junto com óleos, como óleo de bebê nas áreas expostas da pele, especialmente em gestantes, para evitar as picadas.
Em relação à estratégia de combate à febre do Oropouche, o município de Campos adota uma abordagem semelhante a que foi implementada em 2024 para controlar as arboviroses. “A estratégia de 2024 foi muito bem-sucedida, resultando nos menores números de mortes em relação ao número de casos da história de Campos”, destaca o subsecretário. Esse sucesso será mantido em 2025 com a inclusão de um protocolo específico para a febre do Oropouche, que será adotado nas unidades de saúde, com especial atenção para pacientes com diagnóstico negativo para dengue, zika e chikungunya, mas que apresentem o quadro bifásico característico da doença.
Além disso, o município seguirá com o treinamento das equipes de saúde e a intensificação da rede de emergência e urgência, incluindo os hospitais São José e Ferreira Machado, a UPH de Travessão e o Centro de Referência da Dengue (CRD). “Vamos também criar uma rede de regulação para melhorar o atendimento e definir o impacto da doença na cidade”, afirmou Kury.
CASOS EM CAMPOS
A Secretaria Municipal de Saúde registrou dois casos de Oropouche até o dia 27 de março: Uma mulher de 57 anos, moradora do Parque Esplanada, e um homem de 48 anos, residente do Parque Califórnia. Ambos apresentaram melhora clínica e não precisaram de internação.