Campos volta para Fase Branca, mas mantém alerta para casos de Covid


Campos avançou para a Fase Branca, ou seja, Nível I do Plano de Retomada das Atividades Econômicas e Sociais. Esta é a segunda vez que o município alcança a fase mais branda da pandemia da Covid-19. A decisão foi divulgada durante reunião do Gabinete de Crise e Combate à Covid-19, nessa terça-feira (12).

O cenário atual é de desaceleração da pandemia na cidade, mas também de alerta frente ao surgimento da cepa BA.2, que é uma subvariante da Ômicron, e pode resultar em uma nova onda de casos, conforme foi explicado durante a reunião pelo secretário municipal de Saúde, Paulo Hirano, e o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Charbell Kury. Eles estavam acompanhados do subprocurador geral, Gabriel Rangel. “Hoje estamos há quatro semanas sem óbitos por Covid-19. Isso é um marco inédito nesses dois últimos anos, graças a todas as ações que foram desenvolvidas na nossa cidade”, disse Hirano, informando, ainda, que a ocupação de leitos no município para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é de 7,69%. Já a ocupação de leitos de clínica médica está zerada há três semanas. 

O secretário também lembrou que o cenário favorável hoje é bem diferente de um ano atrás que “tínhamos um colapso no sistema de saúde em nível nacional com falta de leitos, falta de equipamentos, falta de insumos e falta de medicamentos”, exemplificou. 

“Temos que permanecer em alerta, já que no momento a China, país onde surgiu o primeiro caso de Covid-19, enfrenta o maior lockdown que já aconteceu no mundo. A cidade de Xangai, que tem mais de 26 milhões de habitantes, está em isolamento completo, inclusive com separação de famílias. Está acontecendo isso na China, mais para frente pode estar acontecendo na Europa e daqui a pouco poderemos ter mais uma nova onda do vírus disseminando pelo mundo todo”, alertou Hirano. 

O alerta foi ratificado por Carbell Kury, que apresentou dados da evolução da pandemia com seus respectivos picos da doença, como foi o caso da cepa original responsável pela primeira onda, a Alpha, pela segunda onda, a Gama, pela terceira onda, a Delta, pela quarta onda e, por fim, a Ômicron, que resultou na quinta onda, com uma explosão de casos em dezembro do ano passado e janeiro deste ano. “Cada cepa apresentou uma letalidade diferente. A cepa original e a Gama foram as mais mataram”, disse o infectologista e virologista. 

“Nós estamos falando de uma doença de alta transmissão e um grande percentual de pessoas transmitiu a Covid-19 de forma assintomática ou oligossintomática (pouco ou leves sintomas). O que fez a diferença até hoje para o município, foram várias intervenções que foram feitas, bem sucedidas, e que fizeram com que pudéssemos estar sem máscara, um cenário bem diferente de abril do ano passado, quando estávamos na fase vermelha, chorando, sofrendo, estressados por conta de internações, óbitos, que inclusive  chegamos a ter vinte óbitos por dia de Covid-19”, observou Charbell, lembrando que Campos foi a primeira cidade do Brasil a detectar um caso de Delta, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS/Campos), que fez uma vigilância extremamente sensível de um paciente que veio da Índia.

No último mapa de risco, divulgado em 6 de abril, a Região Norte foi recolocada novamente na fase verde. “Cada região teve uma prevalência de certa variante. E o mapa mostra que Campos fez o seu dever de casa”, disse Charbell ao citar a vigilância genômica realizada junto ao Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro), em Macaé, que fez um trabalho de identificação das cepas mais prevalentes.

ALERTA PERMANENTE – Dentro do estudo de evolução da pandemia em Campos, foi observado, segundo Charbell, um intervalo de 18 a 23 semanas entre uma onda e outra da doença. Se isso ocorrer novamente é possível que a cidade tenha uma elevação de casos e até mesmo volte a registrar óbitos em maio, que poderá ser provocada pela cepa BA.2. 

“A taxa de mortalidade no Brasil é de 45%. Já a transmissibilidade da BA.2 no país está em 3.4 e, caso continue avançando, poderá atingir principalmente as pessoas não vacinadas que na cidade hoje está em torno de 50 mil, sendo 23 mil crianças de 5 a 11 anos. Nesse momento a doença está pressionado as crianças não vacinadas inclusive as de 3 anos, e, por isso, estamos numa expectativa pela liberação da vacina para esse público. Enquanto isso, precisamos avançar na vacinação das crianças acima de 5 anos”, disse Charbell.

“O vírus está sempre buscando formas de sobreviver e, com isso, está avançando para as crianças. Por isso faço um apelo para os pais levarem as crianças para serem vacinadas, para aqueles que ainda não tomaram nenhuma dose da vacina e também para quem está no prazo que tome a segunda, a terceira e a quarta dose, como é o caso dos idosos com mais de 80 anos e as pessoas com comorbidades”, enfatizou Hirano. 

Para evitar que ocorra uma nova onda na cidade, os especialistas apontam dois caminhos: a imunização e medidas protetivas, como o uso de máscaras, principalmente em pessoas idosas, que vão ter contato com público diferente do seu cotidiano, e pessoas com comorbidades. “Procurem se preservar. Não é hora de liberdade total. Existem riscos ainda”, disse o secretário. 

Entre as medidas mantidas estão a retovigilância nas escolas, testagem para detecção precoce do vírus na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Patronato São José, no Centro de Saúde de Guarus (CSU), UBSF Conselheiro Josino e UBSF Morro do Coco, além da vacinação no período diurno e noturno. Um novo decreto será publicado no Diário Oficial do município.


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